Por que o calor nos deixa de mau humor?

Sabe-se que o funcionamento adequado do nosso corpo exige que, mesmo quando está muito quente, nossa temperatura corporal deve ser mantida em torno de 37°C. Quando a temperatura externa sobe acima de 40°C, a proteção se torna uma prioridade.

O corpo tem seu próprio mecanismo para baixar a temperatura: a transpiração.

Mas também podemos ajudá-lo abrigando-nos na sombra ou usando roupas leves.

Por outro lado, o primeiro (e quase único) dever do nosso corpo é nos manter vivos. Quando algo é perturbadores perigoso, o corpo nos avisa e ativa todos os seus recursos para nos colocar em segurança. É uma reação básica de sobrevivência: se algo nos assusta, fugimos; se nos irrita, lutamos. Sempre que uma mudança nos desestabiliza, o cérebro reage com emoções como medo, frustração ou raiva.

O calor, por exemplo, age como fator de estresse que ativa nosso sistema nervoso. Ao perceber que tudo ao nosso redor está esquentando, o cérebro dá ordens para tentar parar ou reduzir a sensação desconfortável de ondas de calor.

Um papel fundamental nesse processo é desempenhado pelo hipotálamo, que é o verdadeiro “termostato” do nosso corpo, responsável por ajustar como perdemos ou ganhamos calor. De fato, seu tamanho não corresponde à importância das funções que desempenha: todo o nosso equilíbrio íntimo é gerenciado a partir daqui.

É importante ressaltar que a eficácia dl hipotálamo depende muito do ponto de partida. A temperatura de conforto ao ar livre geralmente fica entre 18°C e 21°C quando estamos descansando e um pouco mais baixa se estivermos fisicamente ativos. A essa temperatura será adicionado o calor gerado pelo próprio corpo durante seu funcionamento, inclusive o cérebro.

Se o calor aumentar demais, o hipotálamo soa o alarme para acelerar a perda de calor. A primeira coisa que esse regulador de temperatura faz é ordenar que o sangue se descoloque do interior do corpo para a pele. É por isso que quando estamos com calor, nosso rosto fica vermelho: mais sangue corre para o rosto.

Simultaneamente, nosso corpo tentará diminuir a temperatura por meio da evaporação, atiçando a produção de suor. Isso explica por que achamos o calor úmido ainda mais irritante: em condições úmidas, o suor não consegue realizar sua função de resfriamento.

Se continuarmos a sentir calor, provavelmente começaremos a sentir sede, pois se perdermos água com a transpiração, teremos de recuperá-las bebendo. Se esse não for o caso, como acontece com pessoas idosas, é um boa ideia beber água como medida preventiva.

Também é mais provável que nos sintamos cansados. Esse é um aviso de que, em altas temperaturas, não devemos nos esforçar muito, pois nos expomos à conhecida insolação.

Todos esses processos estão relacionados a ajustes nervosos e hormonais bem ajustados que também podem gerar uma emoção em nós. Para que o calor não nos coloque em perigo, nosso cérebro deve decidir se deve evitá-lo ou enfrentá-lo – lutar ou fugir. As vias nervosas que mantém nosso humor são afetadas pelo calor. Portanto, de certa forma, também estaremos nos “aquecendo” emocionalmente, pois o aumento da temperatura aumentará nossa raiva e frustração.

Em um mundo cada vez mais populoso e em aquecimento, nossa sociedade enfrentará cada vez mais calor ao nosso redor. E, pelo que pudemos ver, é provável que isso signifique que o número de pessoas irritadas com ele aumentará…

Parece loucura dizer que o calor e seus efeitos também devem ser levados em conta do ponto de vista do bem-estar e da saúde mental, mas se ouvirmos os sinais do nosso corpo, será mais fácil controlar as várias mudanças que o calor
provoca. E, em vista disso, não seria ruim se reforçássemos as medidas para gerenciar melhor o calor em nossas casas, escritórios ou em instalações da cidade, a fim de evitar sentir esse calor que nos faz sentir tão mal.

Fonte: Isabela Diniz

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