Especialistas apontam produção “verde” como a saída para a indústria nacional e para mais investimentos no País Fonte: Agência Câmara de Notícias

Especialistas em produção industrial mundial ressaltaram a necessidade de o País aproveitar a oportunidade de promover uma produção nacional “verde” e de atrair investimentos externos, com o argumento de que o Brasil tem uma matriz energética limpa. Eles participaram de seminário sobre o “reposicionamento das cadeias globais de valor” promovido pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados.

Samantha Cunha, da Confederação Nacional da Indústria, disse que, após a pandemia de Covid-19, com a falta de insumos e as tensões geopolíticas que vieram em seguida, os países passaram a promover mais o seu parque industrial até por uma questão de segurança nacional. E estão fazendo isso com o olhar da sustentabilidade.

“Os Estados Unidos e a Europa já estabeleceram seus planos e metas para redução de carbono. Temos vantagens seja o Brasil, seja a América Latina, de atrair os investimentos para cá e conseguir ajudar essas indústrias a descarbonizarem os seus processos produtivos”, ressaltou.

A técnica lembrou que a indústria é o setor que mais traz inovação e que promove outros setores por agregar valor e pagar salários mais altos. Mas ela mostrou que, nos últimos dez anos, teve o tamanho reduzido, um dos motivos para o crescimento médio do País ser de apenas 0,5% ao ano, segundo ela.

Autor do requerimento para o seminário, o deputado Vitor Lippi (PSDB-SP) disse que há uma tendência de países como os Estados Unidos de trazerem de volta empresas que passaram a produzir em outros locais. “Todo mundo sabe que eles vão precisar também de novos parceiros, o friendshoring ou nearshoring. Quer dizer, novos parceiros mais próximos, posicionados inclusive geograficamente, e que não estejam sujeitos a conflitos geopolíticos”, explicou.

Diretor da Câmara Americana de Comércio para o Brasil, Fabrizio Panzini disse que existe espaço no mundo para quem investir em produtos de saúde, tecnologia da informação, energia e minerais críticos. Segundo ele, 28% das empresas americanas que têm produção na Ásia afirmam que pretendem procurar novos locais nos próximos cinco anos. O movimento também faz parte do aumento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos.

Em relação à produção mineral, Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletroeletrônica, lembrou que o País é o terceiro produtor mundial de silício metálico, importante para a produção de chips e células fotovoltaicas. Ele também destacou o aumento rápido da geração de energia eólica.

Paulo Gala, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, defendeu a necessidade de políticas públicas para coordenar as ações que foram levantadas por todos. “Sem políticas públicas a gente não vai conseguir superar essas assimetrias. A ideia de achar que o mercado vai simplesmente resolver essas coisas, é uma ideia ingênua. Se nada for feito, nada acontecerá.”

Ele afirmou ainda que boa parte do sucesso do agronegócio brasileiro, por exemplo, está ligado às pesquisas da Embrapa e outras políticas públicas.

Bruno Leite, do Ministério das Relações Exteriores, disse que a pasta está atuando com os setores para desconcentrar os parceiros comerciais do Brasil e a pauta de exportações. Outra prioridade é a política comercial, os acordos comerciais com os outros países.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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